Conhecem aqueles livros de "escolham a vossa aventura"? Em que temos uma personagem como num RPG e as decisões que fazemos no livro levam-nos a página pré-definidas com diferentes caminhos, acontecimentos e muitas mortes?
Se sim, é fácil entenderem o espírito deste indie acabado de sair de Early Acess. O "twist" em Hand of Fate é que não estamos a ler um livro, estão a ler-nos cartas como se de um tarot se tratasse.
Se sim, é fácil entenderem o espírito deste indie acabado de sair de Early Acess. O "twist" em Hand of Fate é que não estamos a ler um livro, estão a ler-nos cartas como se de um tarot se tratasse.
Deixem-me explicar um bocado melhor. Por razões desconhecidas estamos presentes em frente a um mago que nos desafia a uma aventura vivida através das cartas. Como funciona? Antes de mais, devemos construir o nosso baralho, com cartas de equipamento e cartas de eventos. De seguida, o nosso "amigo" mago irá adicionar as nossas cartas escolhidas algumas suas, que podem ser também de eventos, vendedores, entre outras e irá dispor as cartas na mesa de maneira aleatória viradas para baixo, como se de um mapa se tratassem e deixa numa das pontas uma figura que representa a nossa personagem na aventura. Daqui devemos ser nós a escolher o caminho a seguir dentro dos diferentes "andares" desta dungeon representada por cartas até encontrarmos o boss da mesma, e claro, ao andarmos pelas cartas estas vão-se revelar os eventos escolhidos por nós ou pelo nosso adversário.
Os eventos que pude experimentar eram variados e a maneira como se encarava cada um era diferente. Temos por exemplo situações simples que requerem apenas que escolhamos uma recompensa, outras que troquemos um item por outro ou que exploremos uma masmorra com armadilhas, por exemplo. Muitas destas situações são resolvidas à sorte, devendo o jogador escolher uma de quatro cartas que contêm o resultado das nossas ações, nomeadamente se estas se revelam um sucesso estrondoso ou um absoluto falhanço (e, claro, ambas situações se vão refletir na nossa personagem, por exemplo, podendo aumentar ou baixar o nosso nível máximo de saúde, ganhando ou perdendo ouro, entre outros).
Ao contrário dos livros de aventuras do género, aqui o nosso progresso não depende apenas da sorte. Há algumas situações (nomeadamente em combates e a explorar certos labirintos com armadilhas) em que controlamos o nosso personagem diretamente numa arena totalmente em 3D.
O combate é como uma versão simplificada de, por exemplo, os recentes jogos de Batman. Temos um botão de ataque, um botão de dodge, um botão para fazer contra-ataque (que se deve usar quando aparecem raios coloridos sobre as cabeças dos inimigos, ao estilo dos Arkham) e alguns itens que podemos usar para termos alguma vantagem. É simples e não oferece demasiada dificuldade mas normalmente parece servir acima de tudo para mudar o ritmo do jogo ocasionalmente e este sistema funciona bem. Os controlos relativos ao combate também são bastante funcionais, se bem que ocasionalmente parecem responder demasiado tarde...
A nível de história não encontrarão nada que vos "agarre" ao jogo... Podemos ler algum lore do mundo em que se passa a aventura, mas, acima de tudo, a história é: temos que matar todos os bosses no mundo das cartas ou morremos nós. Jogos deste tipo nunca se focaram neste sentido e Hand of Fate decidiu não mudar uma tradição tão antiga quanto essa. No entanto, a escrita do jogo está genial. Tanto as descrições dos eventos/cartas como os comentários do mago (que tem uma prestação vocal brilhante) que se adaptam a quase todas as situações. Ele pode por exemplo comentar que mantemos uma carta no baralho porque sabe que queremos um escudo de forma fácil ou questiona a nossa escolha de armas e equipamento. Simplesmente genial.
O maior trunfo do jogo é, como já se pode entender, a sua apresentação. Toda a mecânica do jogo de cartas é bastante simples e viciante, com alguma profundidade ao se criar o baralho e tomar algumas decisões. Graficamente, as cartas têm desenhos muito bem conseguidos, as arenas de combate são variadas e coloridas e no geral os gráficos das personagens são muito bons para um jogo deste calibre.
Este é um jogo que irá servir perfeitamente a quem procurar um RPG que pode jogar durante sessões casuais e curtas ou a quem procure uma premissa diferente dentro do género.
Um Roguelike absolutamente genial que nos faz voltar a abri-lo durante bastante tempo. Há sempre uma nova aventura a ser vivida com as cartas...
90/100
Alternativas a Hand of Fate:
- Legends of Grimrock
- Tales of Maj'Eyal
Jackhitman