Analisar um jogo deste género nesta fase é difícil. Este primeiro episódio apenas se foca em apresentar as personagens, alguns dos conflitos que evidentemente se vão desenvolver mais tarde e a mecânica central do jogo: a habilidade da personagem principal de controlar o tempo. Em resumo, não tem quase nada que se analise.
Para quem não ouviu falar antes do jogo, foi a maneira que a Square Enix encontrou para entrar no campo de aventuras episódicas que a Telltale tem vindo a espremer até ao tutano, e joga-se de maneira idêntica.
Temos puzzles (extremamente básicos e muito raros) e muitas decisões a tomar que irão afetar o desenvolvimento da história.
Vamos começar por olhar para a história:
Controlamos Max, uma rapariga de 18 anos que depois de passar alguns anos em Seattle volta à sua terra natal para estudar fotografia numa importante academia. E sim, ainda bem que perguntam, há bastantes hipsters por lá. "Nós" incluídos suponho. Verdade seja dita, as personagens são bem apresentadas e no geral o nível de escrita está bastante bom. É fácil relacionarmo-nos com a nossa personagem e preocuparmo-nos com ela e questionarmo-nos como a poderemos poupar a todo aquele "teen drama"... São todos muito humanos. Se calhar há alguns demasiado cliché, mas no geral bom.
A história começa com Max presa junto a um farol durante um furacão que ameaça ser o seu fim, mas afinal revela-se que apenas estava a ter um pesadelo... durante uma aula. Depois de esta experiência... bem, não vou contar o que acontece, mas como já mencionei,
ela descobre que tem o poder de fazer o tempo voltar para trás. Esta habilidade realmente dá alguma piada ao jogo - sim, não é novidade no mundo dos jogos, uma personagem que controle o tempo, mas aqui é feito de maneira mais humana. O poder é usado para podermos rever as nossas ações e mudá-las, ou para ganhar vantagem numa conversa ou inclusive em algum puzzle, o que se revela interessante porque isto nos permite ver os resultados a curto prazo das nossas ações e decisões e de mudá-las a nosso bel-prazer até estarmos felizes com o resultado, mas, ao mesmo tempo, dá a sensação de que estamos de alguma maneira a fazer batota, o que tira algum impacto ao ato de decidir. Claro que isto não vai tirar o peso do que aconteça a longo prazo, mas ao jogar vamos ver as conversas como um exercício de ver o que acontece em cada opção diferente e escolher a nossa favorita em vez de pensarmos criteriosamente no que poderá acontecer com qualquer uma...
Agora os puzzles:
Vou resumir muito esta parte. São quase inexistentes (três ou quatro no máximo) e de uma simplicidade aberrante. Como puzzles não tem valor nenhum, servem apenas para ajudar a imersão, sendo que podem afetar o desenvolvimento da história (supostamente). Pelo menos não são intrusivos.
Numa nota em relação ao estilo de arte e gráficos, não sendo estes de topo, a apresentação é boa e diria que é, inclusive, um dos pontos mais fortes da aventura.
Para acabar esta curta análise, vou simplesmente resumir os pontos fortes e fracos do jogo:
Por uma lado é um inicio interessante, a nível narrativo promete, tem temas de interesse e que normalmente não são vistos em videojogos, mas neste momento não vai além disso. Promessas. Acredito que a série ainda não mostrou o seu melhor e espero que durante o resto da temporada vejamos uma excelente narrativa desenvolver-se. Porque ao fim e ao cabo é disto que vive este género.
Se bem que alguns mais e melhores puzzles eram muito bem-vindos.
Em resumo, é um inicio prometedor, mas este episódio por si só tem pouco conteúdo e profundidade. Quando todos os episódios tiverem saído irei escrever uma análise de todos eles como um todo e espero poder dar uma nota mais alta que a que vou dar a este episódio por si só... Surpreendeu-me, é verdade, mas acima de tudo pelo potencial que tem para crescer.
Se estão à procura de uma aventura interativa, Life is Strange é uma opção a ter em conta, mas diria para esperarem e ver como se desenrola a série nos próximos episódios antes de comprar. E claro, comprar só o 1.º episódio é deitar dinheiro ao lixo. Ou se compra toda a temporada ou nada e neste momento apostar dessa maneira na série ainda é arriscado.
70/100
Jackhitman
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