A Telltale regressa ao seu habitat natural e à série que mais a catapultou nos últimos anos, The Walking Dead, e desta vez com uma protagonista de fácil reconhecimento, Michonne.
A saga de Clementine fica provisoriamente para trás e Michonne assume o papel de protagonista. A escolha é arriscada. Contrariamente aos anteriores protagonistas, Michonne tem já a personalidade bem vincada e identificável, o que inicialmente pode bloquear o processo de imersão.
A principal característica dos jogos da Telltale é a facilidade de identificação com a personagem que controlamos, Lee foi perfeito neste ponto, Clementine também, embora a ligação não tenha tido a capacidade de atingir a intensidade do seu “tutor”. Michonne tenta não deixar fugir esse legado, surpreendentemente, o resultado até consegue ser bastante satisfatório.
A principal característica dos jogos da Telltale é a facilidade de identificação com a personagem que controlamos, Lee foi perfeito neste ponto, Clementine também, embora a ligação não tenha tido a capacidade de atingir a intensidade do seu “tutor”. Michonne tenta não deixar fugir esse legado, surpreendentemente, o resultado até consegue ser bastante satisfatório.
Quem somos? Para onde vamos? O que nos prende à vida? Estes são alguns dos dilemas que o jogo inicialmente nos obriga a digerir.
Neste primeiro episódio começamos a perceber os traços de personalidade de Michonne enquanto exploramos os seus pesadelos. De facto, In Too Deep procura observar o mais profundo da alma de Michonne e fazer disso o ponto de partida da narrativa. As escolhas estão presentes como sempre, são um fator diferenciador e necessário para atribuir o dinamismo e intensidade a um jogo que não faz da jogabilidade uma prioridade.
Neste primeiro episódio começamos a perceber os traços de personalidade de Michonne enquanto exploramos os seus pesadelos. De facto, In Too Deep procura observar o mais profundo da alma de Michonne e fazer disso o ponto de partida da narrativa. As escolhas estão presentes como sempre, são um fator diferenciador e necessário para atribuir o dinamismo e intensidade a um jogo que não faz da jogabilidade uma prioridade.
[Seguem-se leves revelações do enredo]
Uma das técnicas narrativas que a Telltale deve renovar é o fator surpresa, pois a fórmula, apesar de continuar fascinante, começa a mostrar um desgaste considerável. A história, sempre o fator de maior valor, começa com Michonne num ponto de rutura a encontrar apoio junto de um grupo de pessoas. Um barco é o local de protecção das mesmas, e por forma a sobreviverem observa-se um processo de trocas entre diferentes embarcações. Pete, a pessoa mais próxima de Michonne e “capitão” do barco procura entrar em contacto com outros barcos, mas o único que consegue encontrar é um pedido de socorro que vem de terra. Como é óbvio, não se diz que não a um pedido de socorro. Não há muita surpresa no que acontece a seguir, as coisas correm mal com os walkers a aparecerem e a complicarem as contas do salvamento. E posteriormente as coisas correm ainda pior quando o fator humano transforma os zombies em meninos de coro.
[Fim das revelações]
A fórmula narrativa é a mesma de sempre, mas desta vez com um protagonista que não se encolhe e que se torna uma arma a ter em conta.
Uma das técnicas narrativas que a Telltale deve renovar é o fator surpresa, pois a fórmula, apesar de continuar fascinante, começa a mostrar um desgaste considerável. A história, sempre o fator de maior valor, começa com Michonne num ponto de rutura a encontrar apoio junto de um grupo de pessoas. Um barco é o local de protecção das mesmas, e por forma a sobreviverem observa-se um processo de trocas entre diferentes embarcações. Pete, a pessoa mais próxima de Michonne e “capitão” do barco procura entrar em contacto com outros barcos, mas o único que consegue encontrar é um pedido de socorro que vem de terra. Como é óbvio, não se diz que não a um pedido de socorro. Não há muita surpresa no que acontece a seguir, as coisas correm mal com os walkers a aparecerem e a complicarem as contas do salvamento. E posteriormente as coisas correm ainda pior quando o fator humano transforma os zombies em meninos de coro.
[Fim das revelações]
A fórmula narrativa é a mesma de sempre, mas desta vez com um protagonista que não se encolhe e que se torna uma arma a ter em conta.
Contrariamente aos seus predecessores, The Walking Dead: Michonne — Episode 1 é muito mais direto e cru. Para além de uma ação visceral desde o primeiro minuto, é um jogo em que a intensidade dramática impacta diversas vezes na linearidade da personagem principal. De qualquer forma, quer se queira ter uma reação tímida, arrojada ou agressiva as opções estão sempre em cima da mesa com as respetivas consequências.
A jogabilidade continua os predicados da série com quadros de exploração limitada, infelizmente cada vez mais limitada, e quick time events que obrigam a uma atenção cuidada. Não há um grau de complexidade elevado, desse modo torna-se difícil cometer erros, mas mesmo quando nos distraímos o jogo não penaliza o jogador, permitindo-lhe de imediato corrigir o erro de agilidade.
A jogabilidade continua os predicados da série com quadros de exploração limitada, infelizmente cada vez mais limitada, e quick time events que obrigam a uma atenção cuidada. Não há um grau de complexidade elevado, desse modo torna-se difícil cometer erros, mas mesmo quando nos distraímos o jogo não penaliza o jogador, permitindo-lhe de imediato corrigir o erro de agilidade.
Não se pode deixar de destacar o trabalho vocal de Samira Wiley, que não sendo a mesma pessoa que dá vida a Michonne na série televisiva, faz aqui um trabalho fenomenal e de qualidade indiscutível.
O ambiente do jogo consegue criar envolvimento com os acontecimentos, neste ponto, o estilismo gráfico sempre será controverso. Há quem aprecie o processo artístico de animação e quem ache que se deve dar um passo em frente e retratar de forma mais real os acontecimentos. Todas as opiniões são aceitáveis, pois neste caso, este estilismo é uma opção pessoal da Telltale. Pessoalmente não consigo criticar a escolha pois nunca senti que a mesma bloqueasse o meu processo de imersão no mundo do jogo.
O ambiente do jogo consegue criar envolvimento com os acontecimentos, neste ponto, o estilismo gráfico sempre será controverso. Há quem aprecie o processo artístico de animação e quem ache que se deve dar um passo em frente e retratar de forma mais real os acontecimentos. Todas as opiniões são aceitáveis, pois neste caso, este estilismo é uma opção pessoal da Telltale. Pessoalmente não consigo criticar a escolha pois nunca senti que a mesma bloqueasse o meu processo de imersão no mundo do jogo.
Avaliação Final
70/100
The Walking Dead: Michonne — Episode 1: In Too Deep é um bom jogo que explora o lado mais humano de uma das personagens mais carismáticas do universo dos comics. Os processos de decisão e consequência continuam a marcar presença, sendo este um dos poucos fios condutores de interesse narrativo.
Não temos puzzles ou processos de exploração de relevo, o que torna a jogabilidade limitada a quick time events e tomada de decisões baseadas em tempos curtos. Cada vez mais se sente que a Telltale afrouxou no desenvolvimento de variantes dentro das suas histórias. Apesar de estas continuarem a ser “belas” e de grande envolvência emocional, não se pode deixar de sentir uma pequena frustração por a formula não evoluir e, em alguns casos, retroceder.
Espera-se mais dos próximos episódios, não só a nível emocional (aqui nada a apontar ao episódio 1, que o faz com mestria), mas também a nível de jogabilidade e exploração dos cenários.
A evolução das personagens também será algo a reter, pois In Too Deep foca-se exclusivamente no desenvolvimento da personalidade de Michonne, não permitindo (para além de Pete) uma ligação emocional com os outros intervenientes. E este será sempre um fator essencial no processo de tomada de decisões, como bem foi exemplificado no The Walking Dead original.
Prós
Contras
Por: Blindsnake
70/100
The Walking Dead: Michonne — Episode 1: In Too Deep é um bom jogo que explora o lado mais humano de uma das personagens mais carismáticas do universo dos comics. Os processos de decisão e consequência continuam a marcar presença, sendo este um dos poucos fios condutores de interesse narrativo.
Não temos puzzles ou processos de exploração de relevo, o que torna a jogabilidade limitada a quick time events e tomada de decisões baseadas em tempos curtos. Cada vez mais se sente que a Telltale afrouxou no desenvolvimento de variantes dentro das suas histórias. Apesar de estas continuarem a ser “belas” e de grande envolvência emocional, não se pode deixar de sentir uma pequena frustração por a formula não evoluir e, em alguns casos, retroceder.
Espera-se mais dos próximos episódios, não só a nível emocional (aqui nada a apontar ao episódio 1, que o faz com mestria), mas também a nível de jogabilidade e exploração dos cenários.
A evolução das personagens também será algo a reter, pois In Too Deep foca-se exclusivamente no desenvolvimento da personalidade de Michonne, não permitindo (para além de Pete) uma ligação emocional com os outros intervenientes. E este será sempre um fator essencial no processo de tomada de decisões, como bem foi exemplificado no The Walking Dead original.
Prós
- Viver a evolução emocional de Michonne
- Brutalidade gráfica
- Desempenho vocal de grande qualidade
Contras
- Linearidade total dos cenários sem grande espaço à exploração
- Desenvolvimento das personagens e das ligações entre elas
- Previsibilidade dos acontecimentos
- Falta de personagens marcantes
Por: Blindsnake