Quando jogamos um determinado jogo assumimos um conjunto de parâmetros que quantificamos e qualificamos até atingirmos uma avaliação final. Essa avaliação pode revestir-se de uma objetividade à prova de bala ou de uma subjetividade total baseada unicamente no prazer ou na insatisfação que um determinado título proporcionou. O meu objetivo passa por tentar ser o mais objetivo possível sem deixar de aceitar que a subjetividade é parte essencial do sentimento de um gamer.
Enslaved é um jogo fora do comum, um jogo poucas vezes compreendido e infelizmente ignorado devido a uma ineficaz e limitada campanha de marketing. Com isto não pretendo dizer que estamos na presença de um dos melhores jogos de sempre dentro da indústria dos videojogos, Enslaved tem falhas inaceitáveis, especialmente a nível da jogabilidade, mas se não atinge o Olimpo pelas suas mecânicas o mesmo não se pode dizer pelas suas componentes técnicas, mais concretamente a parte artística (história, ambiente, trabalhos de voz e música).
O jogo começa e assumimos o comando de Monkey, um humano com uma constituição e movimentos semelhantes a um símio. Acordamos aprisionados dentro de uma enorme cápsula e assistimos à fuga de uma misteriosa rapariga. Após a fuga desta, a nave que nos transporta começa a sofrer violentas explosões e no meio do caos conseguimos libertar-nos. Este primeiro quadro pode ser considerado como o tutorial do jogo, aprendemos as técnicas e a utilizar o tipo de jogabilidade que até ao final do jogo vamos vivenciar. A sequência é caótica, lutamos com alguns inimigos e realizamos inúmeras acrobacias até atingirmos o objetivo que não é mais do que a última cápsula de extração. Tentamos entrar, mas esta está ocupada pela misteriosa rapariga que não tem problemas em lançar a cápsula levando-nos de arrasto com ela. Se a empatia já não era grande, quando acordamos, fruto do embate da cápsula com umas estruturas, verificamos que Monkey tem agora um mecanismo electrónico a fazer de bandolete na sua cabeça, esse mecanismo tem como função transformar em escravo quem o usar. A rapariga, de nome Trip, explica a Monkey que o escravizou com um objetivo, que este a leve até sua casa uma vez que sozinha não iria conseguir sobreviver no apocalipse em que o mundo se transformou. A não aceitação destes termos ou a morte de Trip implica a morte de Monkey, e assim começa Enslaved: Odyssey to the West.
O jogo começa e assumimos o comando de Monkey, um humano com uma constituição e movimentos semelhantes a um símio. Acordamos aprisionados dentro de uma enorme cápsula e assistimos à fuga de uma misteriosa rapariga. Após a fuga desta, a nave que nos transporta começa a sofrer violentas explosões e no meio do caos conseguimos libertar-nos. Este primeiro quadro pode ser considerado como o tutorial do jogo, aprendemos as técnicas e a utilizar o tipo de jogabilidade que até ao final do jogo vamos vivenciar. A sequência é caótica, lutamos com alguns inimigos e realizamos inúmeras acrobacias até atingirmos o objetivo que não é mais do que a última cápsula de extração. Tentamos entrar, mas esta está ocupada pela misteriosa rapariga que não tem problemas em lançar a cápsula levando-nos de arrasto com ela. Se a empatia já não era grande, quando acordamos, fruto do embate da cápsula com umas estruturas, verificamos que Monkey tem agora um mecanismo electrónico a fazer de bandolete na sua cabeça, esse mecanismo tem como função transformar em escravo quem o usar. A rapariga, de nome Trip, explica a Monkey que o escravizou com um objetivo, que este a leve até sua casa uma vez que sozinha não iria conseguir sobreviver no apocalipse em que o mundo se transformou. A não aceitação destes termos ou a morte de Trip implica a morte de Monkey, e assim começa Enslaved: Odyssey to the West.
O mundo está destruído, Mechs (robôs) ocupam agora o mundo que vive envolto em ruínas de metal. Atravessar as diferentes zonas é uma luta incessante pela sobrevivência, os Mechs não são todos iguais, os mais pequenos dão luta mas são eliminados sem grande esforço, mas há outros com características especiais (controlo de eletricidade, escudos protetores, etc.) que tornam a jornada muito mais dura e perigosa.
Mas Enslaved é uma história de amor, um romance como raramente se vê em jogos de vídeo. Esta não é apenas mais uma história apocalíptica, não, toda a luta pela sobrevivência é apenas uma desculpa para desfocar o ponto central do jogo, humanidade. Todos nós somos vítimas dos nossos medos, mas ao nos deixarmos subjugar perante eles não nos magoámos apenas a nós, magoámos também outras pessoas. Trip precisa de Monkey para sobreviver e como tal não hesita em fazer uso das únicas técnicas de sobrevivência de que dispõe, o que neste caso é o conhecimento avançado a nível tecnológico. Monkey por seu lado não precisa de Trip para sobreviver, mas ao longo do jogo descobre que precisa dela para outra coisa bem mais importante…viver.
Enslaved não procura a complexidade, tem apenas três personagens humanas a ser consideradas, Monkey, Trip e Pigsy (personagem que apenas encontramos já perto do final do jogo). O jogo vive essencialmente do evoluir da relação entre os dois protagonistas. Isto poderia trazer problemas significativos, com grandes vazios narrativos, mas a simbiose entre os dois é tão bem elaborada que nunca nos preocupamos com a solidão que nos envolve.
Mas Enslaved é uma história de amor, um romance como raramente se vê em jogos de vídeo. Esta não é apenas mais uma história apocalíptica, não, toda a luta pela sobrevivência é apenas uma desculpa para desfocar o ponto central do jogo, humanidade. Todos nós somos vítimas dos nossos medos, mas ao nos deixarmos subjugar perante eles não nos magoámos apenas a nós, magoámos também outras pessoas. Trip precisa de Monkey para sobreviver e como tal não hesita em fazer uso das únicas técnicas de sobrevivência de que dispõe, o que neste caso é o conhecimento avançado a nível tecnológico. Monkey por seu lado não precisa de Trip para sobreviver, mas ao longo do jogo descobre que precisa dela para outra coisa bem mais importante…viver.
Enslaved não procura a complexidade, tem apenas três personagens humanas a ser consideradas, Monkey, Trip e Pigsy (personagem que apenas encontramos já perto do final do jogo). O jogo vive essencialmente do evoluir da relação entre os dois protagonistas. Isto poderia trazer problemas significativos, com grandes vazios narrativos, mas a simbiose entre os dois é tão bem elaborada que nunca nos preocupamos com a solidão que nos envolve.
Apesar da simplicidade do argumento, chegar do ponto A ao ponto B sem ser morto, a verdade é que Enslaved esconde uma narrativa muito mais complexa e emotiva do que aquela que salta a vista num primeiro momento. Até ao final do jogo os acontecimentos são sempre em crescendo, o que torna o final um pouco dececionante. Apesar disso, o jogo não perde porque nunca foi a trama principal, baseada em sobrevivência e vingança, que mantém o suporte narrativo, mas sim a relação entre dois estranhos que se precisam mutuamente.
A jogabilidade de Enslaved é provavelmente o seu calcanhar de Aquiles. Monkey usa um bastão para combater, esse bastão é capaz de lançar balas de energia e é extremamente eficaz na luta corpo a corpo. O grande problema é que, a nível de combos, o combate é uma miséria, e isso traduz-se numa constante repetição do mesmo movimento. É inegável o desgaste que isto provoca em quem joga chegando a um ponto em que não conseguimos evitar sentir momentos de frustração.
A versão original joguei-a na PS3 e a nível de resposta pareceu-me mais do que aceitável, já a edição Premum, que foi jogada no PC, conta com alguns momentos em que Monkey não responde como nós queremos. A câmara também apresenta momentos de completo descontrolo. Estes fatores poder-se-iam tornar um problema de maior dimensão quando os quadros assumem uma jogabilidade suportada em plataformas, mas Enslaved não pune o jogador nesses quadros. Exceto em situações de ajuda a Trip, ou em que as estruturas possam desabar, a verdade é que Monkey nunca estará em perigo. O jogo não deixa que saltemos para o vazio protegendo sempre o erro do jogador. Se por um lado isto ajuda a esconder os ocasionais problemas de resposta dos comandos e de câmara, não podemos deixar de sentir uma falta de responsabilidade nas diversas acrobacias diminuindo assim a tensão e os níveis de imersão.
A versão original joguei-a na PS3 e a nível de resposta pareceu-me mais do que aceitável, já a edição Premum, que foi jogada no PC, conta com alguns momentos em que Monkey não responde como nós queremos. A câmara também apresenta momentos de completo descontrolo. Estes fatores poder-se-iam tornar um problema de maior dimensão quando os quadros assumem uma jogabilidade suportada em plataformas, mas Enslaved não pune o jogador nesses quadros. Exceto em situações de ajuda a Trip, ou em que as estruturas possam desabar, a verdade é que Monkey nunca estará em perigo. O jogo não deixa que saltemos para o vazio protegendo sempre o erro do jogador. Se por um lado isto ajuda a esconder os ocasionais problemas de resposta dos comandos e de câmara, não podemos deixar de sentir uma falta de responsabilidade nas diversas acrobacias diminuindo assim a tensão e os níveis de imersão.
Mas nem tudo é negativo a nível de jogabilidade. Há diversidade e a oportunidade de em certos casos vivenciar este mundo de formas diferentes e originais. Monkey, por exemplo, tem um dispositivo a que chama de Cloud (nuvem) que lhe permite surfar pelo cenário. A limitação está presente no facto de o uso não ser livre, o uso do Cloud está reduzido a secções pré-determinadas, isto torna-se lógico na medida do processo de cooperação com Trip. E aqui entra outro fator positivo na jogabilidade, Trip está dependente da proteção de Monkey, e esse facto está sempre presente, mas Trip proporciona um apoio substancial podendo criar hologramas para distrair os inimigos, abrir-nos portas ou ativar mecanismos. Também existem puzzles para resolver embora não apresentem um grau de exigência elevada, na maioria dos casos implicam um trabalho em equipa com Monkey a orientar Trip.
Enslaved nasce, evolui e morre sempre com as suas personagens no centro de tudo. O trabalho dos atores, Andy Serkis (Gollum, The Lord of the Rings), , Lindsey Shaw e Richard Ridings é fenomenal. O sentimento que conseguem transmitir ao longo de todo o jogo é transcendente à própria narrativa. Muita da qualidade de Enslaved se deve ao trabalho destes três atores.
A versão Premium de Enslaved traz para além de outros extras o DLC "Pigsy's Perfect 10". Este DÇC gerou em mim um sentimento de dúvida. Tal como referido anteriormente, Odyssey to the West vive essencialmente de três personagens, Monkey, Trip e, numa fase mais avançada, Pigsy. Não vale a pena andar com rodeios, Pigsy não é uma personagem apelativa, a sua participação em Enslaved ajudou essencialmente a fortificar a ligação entre as outras duas personagens, isso sem tirar que Pigsy terá um papel heroico nos acontecimentos do jogo. Deste modo, um conteúdo adicional unicamente com a presença desta personagem gerou em mim dúvidas quanto ao interesse narrativo e de jogabilidade. Hoje posso dizer que fiquei extremamente surpreendido e, até ao momento, este DLC é provavelmente um dos mais memoráveis jamais criados, quer seja por tudo o que oferece ou pela forma como o faz. A história, tal como a do jogo original, é extremamente simples - Pigsy sente-se sozinho e quer uma companheira perfeita para lhe fazer companhia. Para conseguir isso vai tentar encontrar um certo número de peças e mecanismos que obviamente se encontram instalados em locais cheios de Mechs. A jornada não se avizinha nada fácil mas Pigsy não a inicia sozinho, ao seu lado estava uma das personagens mais simpáticas no universo gamer, de seu nome Truffles.
"Pigsy's Perfect 10" tem uma jogabilidade completamente diferente ao jogo original. Pigsy não tem as capacidades atléticas de Monkey, como tal assenta todos os seus movimentos no cuidado de evitar a deteção por parte dos inimigos. Isto obriga o jogador a esquivar-se ao confronto sempre que possível pois o ataque de múltiplos inimigos (muitas vezes dois bastam) levará a uma morte imediata.
Pigsy tem em seu poder uma arma que lhe permite eliminar os inimigos à distância mas em muitos casos esses inimigos terão a capacidade de o alcançar, logo, a segurança é ténue. Por forma a conseguir sobreviver Pigsy tem ao seus dispor um conjunto diversificado de artefactos: um holograma semelhante ao usado por Trip, uma bomba de destruição, uma bomba de impulsos eletromagnéticos e uma bomba de "amor" (esta faz com que os inimigos se tornem nossos aliados por um pequeno período de tempo).
Não é fácil de controlar os acontecimentos e as probabilidades de morte são bem maiores do que no título original. Mas o DLC permite uma variedade tática muito superior ao experienciado com Monkey, chegando em certos casos a fornecer muito mais satisfação.
Pigsy tem em seu poder uma arma que lhe permite eliminar os inimigos à distância mas em muitos casos esses inimigos terão a capacidade de o alcançar, logo, a segurança é ténue. Por forma a conseguir sobreviver Pigsy tem ao seus dispor um conjunto diversificado de artefactos: um holograma semelhante ao usado por Trip, uma bomba de destruição, uma bomba de impulsos eletromagnéticos e uma bomba de "amor" (esta faz com que os inimigos se tornem nossos aliados por um pequeno período de tempo).
Não é fácil de controlar os acontecimentos e as probabilidades de morte são bem maiores do que no título original. Mas o DLC permite uma variedade tática muito superior ao experienciado com Monkey, chegando em certos casos a fornecer muito mais satisfação.
Mas "Pigsy's Perfect 10" é muito mais do que uma nova jogabilidade, é uma história soberba, novamente baseada em princípios básicos como o que é ser humano e que faz a ponte perfeita para os acontecimentos no jogo original.
Pigsy tem como referido um ajudante, um pequeno robô que voa de nome Truffles. Ao longo de grande parte da aventura é este pequeno robô que nos faz rir e sentir que Pigsy tem algo de especial. Tal como no jogo original a relação entre dois indivíduos é a essência da narrativa, o jogo vive da simbiose entre eles, e Truffles não fala, apenas mostra expressões no seu visor. De realçar que o ritmo das sequências de vídeo é feito através de banda desenhada proporcionando um ambiente e uma apresentação completamente diferente e original.
Uma última palavra para o ator que deu vós a Pigsy, Richard Ridings, o seu trabalho de voz é simplesmente soberbo.
Pigsy tem como referido um ajudante, um pequeno robô que voa de nome Truffles. Ao longo de grande parte da aventura é este pequeno robô que nos faz rir e sentir que Pigsy tem algo de especial. Tal como no jogo original a relação entre dois indivíduos é a essência da narrativa, o jogo vive da simbiose entre eles, e Truffles não fala, apenas mostra expressões no seu visor. De realçar que o ritmo das sequências de vídeo é feito através de banda desenhada proporcionando um ambiente e uma apresentação completamente diferente e original.
Uma última palavra para o ator que deu vós a Pigsy, Richard Ridings, o seu trabalho de voz é simplesmente soberbo.
Enslaved: Odyssey to the West não é um jogo para todos os gamers, especialmente para aqueles que se autodenominam hardcore. Enslaved vive da sua narrativa e do seu ambiente, são esses os fatores de maior relevo e aqueles que definem a ligação a este jogo. As personagens têm a capacidade de transmitir as suas emoções até nas simples expressões faciais. O trabalho dos atores é do melhor feito em videojogos, o que ajuda no processo imersivo. A jogabilidade deixa a desejar e nota-se que o resultado final poderia ser muito mais diversificado e exigente. O final do jogo não é tão intenso como se poderia prever mas aceita-se.
Em termos gerais, Enslaved é um jogo sólido e apelativo. A junção do DLC "Pigsy's Perfect 10" fornece grande valorização na medida em que é uma experiência completamente diferente do jogo original. Em termos narrativos é excecional.
Avaliação Final
80/100
Prós
Contras
Em termos gerais, Enslaved é um jogo sólido e apelativo. A junção do DLC "Pigsy's Perfect 10" fornece grande valorização na medida em que é uma experiência completamente diferente do jogo original. Em termos narrativos é excecional.
Avaliação Final
80/100
Prós
- Ambiente
- Narrativa
- Prestações vocais
- (Na edição Premium: DLC "Pigsy's Perfect 10")
Contras
- Final do jogo
- Falta de diversidade na jogabilidade
- Alguns problemas de câmara e de controlo dos comandos
Alternativas:
- Prince of Persia
Por: Blindsnake
- Prince of Persia
Por: Blindsnake